Travessia do Oceano Atlântico a remos - ler em português em http://travessiaoceanica.blogspot.com

Monday 2 June 2014

Inspiração sem limites, burocracia e baleias

"Think less. Row more!" não era uma fórmula para fugir aos pequenos tubarões que se aproximaram do barco (avistei 3). Era antes o mote para divagar menos, pôr travão à explosão criativa, e imprimir mais energia à remada. 
"Em que pensam os corredores de maratona?" - perguntou-me um psicólogo. "Como te entretens a bordo do Paraguaçú?" - perguntou-me uma jornalista...
Realmente em alto mar, a bordo de um barquito de 7 metros como o Paraguaçú, os 'entretenimentos' não podem ser muitos porque há que manter a vigilância a um nível alto e há que estar concentrado na remada, na bússola, nas coordenadas do GPS, e em cada movimento fora do banco de remo para não facilitar incidentes e acidentes...
A jornalista estaria a pensar em play-stations, livros, ou coisas do género, mas o único entretenimento possível está dentro da nossa cabeça: são os jogos da mente. Deixei-a divagar e, sobretudo entre a segunda e quarta semanas no alto mar, sofri, ou melhor, beneficiei de uma 'inspiração sem limites', uma verdadeira explosão de criatividade 'artística': escrevi de memória um livro ('Conversas com São Pedro'), estruturei um outro, 'compus' uma par de canções, preparei ao detalhe um programa de televisão para apresentar à RTP... Como digo de mim agora, no meu site pessoal (http://ze-tavares.blogspot.com): "Explorer of emotions. Pursues different perspectives & harmony in life." Pelo que, este tipo de expedições em que nos expomos longamente aos elementos naturais são, neste aspecto, ... recomendáveis!




Fotos: a bordo da Paraguaçú (a última em dia de mar muito agitado :) )

As baleias avistadas durante a travessia (já fiz a pesquisa) eram um grupo de umas 8 baleias-piloto (de 3 a 6 metros, negras e com uma barbatana dorsal muito larga) e a baleia boreal (de 7 metros, cinzenta, com um 'vinco' na cabeça e com uma barbatana dorsal desproporcionalmente pequena em relação ao tamanho do bicho). Duas destas brincaram em frente da proa do Paraguaçú durante largos minutos (tenho-as em video) mas o que me impressionou foi a despedida: uma sonora chapada na água com a cauda e uma surfada numa onda que, em 3 segundos, as fez afastar e desaparecer de vista (e eu com medo de atropelá-las... tsss!!).

Situação atual:
Para promover o ambiente, e até o turismo nas ilhas de C.V., agora sou um 'convidado à força', encontrando-me há 15 dias refém da burocracia local. Estou a pensar 'partir a loiça' (e regressar esta semana a Lx)!
Entretanto, dei um salto à ilha do Fogo, enquanto aguardo o 'papel' das alfândegas.

Foto: mercado municipal, no Plateau (cidade da Praia)


Próximo texto: fotos da ilha do Fogo e 'Cabo Verde no seu melhor...'




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