Com este mar, “é mal-estar depois de mal-estar. Apenas
há três posições possíveis a bordo: a remar (impossível de manter por muitas
horas porque é necessário descansar, comer, repor…); deitado de boca para cima
(o que é impossível de manter por muito tempo porque há que remar e porque me
faz entrar em perigosa letargia); a vomitar (que não se pode manter por muito
tempo porque é desconfortável e porque se acaba a última gota de bílis).”
Nesta semana... os ventos fortes foram a tónica
dominante, e com eles as vagas alterosas. Isso levou-me a uma reflexão sobre 'O
engano dos sentidos'. Cada ambiente potencia o equívoco de algum sentido em
concreto: na travessia dos Andes o cansaço provocou-me um engano no sentido da
visão (onde vi pessoas a pé eram luzes a quilómetros de distancia); no parque
Denali (Alasca), traiu-me o sentido do olfato (o cheiro a carne grelhada no
meio de um glaciar inóspito!? - referido no livro 'Horizonte Branco - reflexões
da montanha'*); na autocaravana 'tropecei' no sentido cinestésico e... arrombei
uma porta sem querer... Nesta semana, a bordo do Paraguaçu, o sentido da audição
tem-me pregado as suas partidas: o vento a correr livremente no oceano e o seu
choque como os cabos e estruturas metálicas da embarcação, produz todo o tipo
de assobios e ruídos e, não raramente, dei comigo a pensar ter escutado a voz
de crianças e estranhas melodias...
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