Travessia do Oceano Atlântico a remos - ler em português em http://travessiaoceanica.blogspot.com

Monday 1 April 2013

Paraguaçú pelos ares / Paraguaçú goes 'up & away'

português / español / english

Paraguaçú pelos ares...

O elevado grau de incerteza inerente à atividade foi ampliado por alguma desinformação e alarmismo relativos à meteorologia – a sul da Gran Canária os locais falam de ano atípico (tal como o anterior), com ventos fortes de direção irregular, para a época do ano, sem que os alíseos cheguem a estabilizar. Talvez as alterações climáticas sejam, precisamente, o fator que dificulta a progressão do Paraguaçú.

Para a decisão contribuíram ainda, de forma decisiva, os problemas técnicos (a detalhar no próximo texto); os problemas orçamentais (ultrapassado o orçamento definido) e de tempo disponível previsto; e a questão logística relativa ao apoio nas aproximações a terra (nas Canárias, inexistente; em Cabo Verde, indeterminado; no Brasil, previsto mas eventualmente insuficiente).

Tal como um acidente não se deve, normalmente, a uma única causa mas ao acumular de circunstâncias desfavoráveis, também a decisão tomada não se deve a um único motivo mas à soma de um conjunto de incidentes e condições potencialmente desastrosas. A decisão foi difícil e colocou em confronto um lado racional que quer prosseguir mas reconhece as limitações, e uma parte mais… visceral, que rejeita o enjoo.

A travessia fica assim ‘suspensa’ até que se reúnam condições suficientes para prosseguir.

Quanto aos objetivos da ação desenvolvida, nem tudo se perdeu. Bem pelo contrário:

- O alerta que pretendemos transmitir (a sustentabilidade e a necessidade de maior eficiência energética, o alerta para o excesso de consumo de energias de origem fóssil, a proteção da Amazónia e das florestas em geral) terá porventura beneficiado mais da exposição mediática resultante do episódio do ‘salvamento’ do que teria conseguido com a própria chegada ao Brasil. Esta sede de ‘sangue’ dos meios de comunicação (a agência espanhola de informação fabricou todo um contexto para difundir a ‘noticia’) reduziu-se quando esclarecemos que não houve um resgate – como quem diz “se não há sangue não me interessa divulgar” (fazendo lembrar a anedota das peixeiras do Bulhão a falar do filme ‘Os canhões de Navarone’)

- O Paraguaçú está bem posicionado para futura largada

- Obtive uma revelação inesperada, ao largo de Fuerteventura, que, junto com a informação e sensações recolhidas nos dias de navegação, me permitirá terminar o livro ‘Ensaio sobre a solidão’ (como anotei em dado momento, “em 3 dias vivi todo um leque de experiências que esperava viver em 3 meses…”

Ratifico os agradecimentos a todos os que apoiaram a logística do projeto – Marina de Lagos, CNL, Atelier Gráfico, Nautel, Nivalis, Victory Endurance, Windsurf Point, Paulo César Santos – aos que contribuíram financeiramente – Euritex, tia Luísa, Amélia H., Sónia B., João Correia…; ao pai, à Inês, ao João Pedro, ao Quico; a todos os que seguiram com interesse as notícias e expressaram o seu apoio e motivação; aos que me acompanharam até à largada em Marrocos e àqueles que torciam pela chegada ao Brasil; à gente estupenda e de grande coração da vila piscatória de Castillo del Romeral (Agu, Ramón, Mundito e restaurante Confradia de Pescadores). Para todos, e principalmente para a inexcedível equipa de apoio – Amadeu Garcia e J.C. Viegas – um ‘imenso’ abraço.
Z





Fotos: vientos fuertes impiden salida del Paraguaçú (que necesitava una cometa como aquella); muelle de Castillo del Romeral, y Pico de las Nieves al fondo; elevado para guardar en el solar de un amigo.

Paraguaçú por los aires...

El grado de incertidumbre de la actividad fue ampliado por alguna desinformación y alarmismo a respecto de la meteorología – al sur da Gran Canaria los locales hablan de año atípico (tal como el anterior), con vientos fuertes de dirección irregular, para la época del año, sin que los alisios llegaran a estabilizar. Puede que las alteraciones climáticas sean, justamente, el factor que dificulta la progresión del Paraguaçú.

Para la decisión final han contribuido aun, de forma decisiva, los problemas técnicos (más detalle en breve); los problemas presupuestarios (sobrepasado el presupuesto definido) y de tiempo disponible; la cuestión logística relativa al apoyo en las aproximaciones a tierra (en Canarias, inexistente; en Cabo Verde, indeterminado; en Brasil, previsto pero eventualmente insuficiente).

Tal como un accidente no se debe, normalmente, a una sola causa pero al acumular de circunstancias desfavorables, también la decisión tomada no se debe a un solo motivo pero a la suma de un conjunto de incidentes y condiciones potencialmente desastrosas. La decisión fue difícil y colocó en confronto un lado racional que quiere proseguir pero reconoce las limitaciones, y una parte más… visceral, que rechaza el mareo.

El cruce del Atlántico queda pues ‘interrumpido’ hasta que se junten condiciones suficientes para proseguir.

Respecto de los objetivos de la acción emprendida, ni todo se ha perdido. Todo al revés:

- El alerta que pretendimos transmitir (la sostenibilidad y la necesidad más eficiencia energética, el alerta para el exceso de consumo de energías de origen fósil, la protección de la Amazonia y de los bosques en general) habrá beneficiado más de la exposición mediática resultante del episodio del ‘salvamento’ que de lo que hubiera logrado con la propia llegada a Brasil. Esta sede de ‘sangre’ de los medios (la agencia española de información fabricó todo un contexto para difundir la ‘noticia’) se ha reducido cuando aclaramos que no hubo rescate – como quién dice “si no hay sangre no interesa divulgar”

- El Paraguaçú está bien posicionado para futura largada

- He tenido una revelación inesperada, cerca de Fuerteventura, que, junto con la información y sensaciones recogidas en los días de navegación, me permitirán terminar el libro ‘Ensayo sobre la soledad’ (como escribí: “en 3 días he vivido todo un abanico de experiencias que contaba vivir en 3 meses…”

Ratifico los agradecimientos a todos los que han apoyado la logística del proyecto – Marina de Lagos, CNL, Atelier Gráfico, Nautel, Nivalis, Victory Endurance, Windsurf Point, Paulo César Santos – a los que han contribuido financieramente – Euritex, tia Luísa, Amélia H., Sónia B., João Correia…; a mi padre, a Inês, a João Pedro, a Quico; a todos los que han seguido con interés las noticias y han expresado su apoyo y motivación; a los que me han acompañado hasta la salida, en Marruecos y a aquellos que esperaban la llegada en Brasil; a la gente estupenda y de grande corazón del pueblo de pescadores de Castillo del Romeral (Agu, Ramón, Mundito y restaurante Confradia de Pescadores). Para todos, y en especial para el equipo de apoyo – Amadeu Garcia y J.C. Viegas – un ‘inmenso’ abrazo.

José


Paraguaçú goes 'up and away'...

The high level of uncertainty of this activity was amplified by some misinformation and alarm regarding the weather forecast – in the south of Gran Canaries, locals talk about atypical year, with strong and irregular winds for this time of the year. Perhaps climate changing is, precisely, the factor that is creating difficulties to the progress of the Paraguaçú.

To the final decision have also contributed the technical problems, the limited budget and the restrictive available time, and the logistical issue regarding the support on arrival to the coast (at Canaries, inexistent; at Cape Verde, unconfirmed; at Brazil, eventually insufficient).

As to an accident there are, normally, several circumstances  that accumulate and contribute to the final result, also the decision taken here did not depend on one single factor but on the sum of a series of small incidents and conditions potentially disastrous. The decision was hard and confronted the rational side, wanting to proceed but recognizing the limitations…

The crossing stays ‘suspended’ until sufficient conditions are assured.

Regarding the goals of the action taken, not everything is lost. On the opposite:

- The alert that we wanted to transmit (sustainability and the need of a better energetic efficiency, the problem of the high consumption of energies based on fossil resources, the protection of the Amazon and all the forests in general) has eventually profited more from the media exposure due to the ‘rescue’ episode than what it would get from the arrival in Brazil itself! This thirst for ‘blood’ of the media was reduced once we explained that there was no rescue but a towing.

- Paraguaçú is well placed for a future departure

- I have lived an unexpected revelation, south of Fuerteventura, that will allow me, together with the information and sensations lived during the navigation, finish the book ‘Essay on loneliness’ (as I wrote “in 3 days I have lived the experiences I expected to live in 3 months…”)

Thanks again to all those that supported the logistics of this project – Marina de Lagos, CNL, Atelier Gráfico, Nautel, Nivalis, Victory Endurance, Windsurf Point, Paulo César Santos – to those who contributed financially - Euritex, ant Luísa, Amélia H., Sónia B., João Correia…; to dad, Inês, João Pedro, Quico; to those who followed the news with interest and expressed their support and motivation; to those who joined me to the departure point in Marocco and to those who were expecting me in Brazil; to the fishermen people with a big hart of Castillo del Romeral (Agu, Ramón, Mundito and Confradia de Pescadores). To all of them and especially to the support team – Amadeu Garcia and J.C. Viegas – a ‘huge’ hug.

Joe

1 comment:

  1. Lembro-me de ainda muito no início desta aventura te ter falado no el niño que se previa para este ano ... haverá relação com a anormalidade dos ventos de que falam os locais ?

    ReplyDelete